Bill Gates financiou inseticida contra malária criado por brasileiro
31/08/2017
Há alguns momentos na vida nos quais as adversidades nos fazem ir além e tentar encontrar uma saída para determinados problemas. Foi exatamente em uma situação assim na qual o gaúcho Agenor Mafra-Neto viu o seu caminho cruzar com o de Bill Gates durante o desenvolvimento de um inseticida contra malária.
Após ver uma irmã e um irmão contrair dengue no final da década passada, Mafra-Neto começou a pesquisar uma forma de combater o Aedes aegypti de uma maneira que não agredisse tanto o meio-ambiente. Desse desejo de diminuir o alcance do mosquito acabou surgindo o Vectrax, inseticida capaz de colocar um fim às ameaças de malária.
E foi exatamente por encontrar uma forma de erradicar a malária que o pesquisador acabou recebendo o apoio do chefão da Microsoft, tendo em vista que a Bill & Melinda Gates Foundation tem essa como uma de suas propostas. Por conta disso, a Iscatech, empresa de Mafra-Neto, recebeu um investimento para criar a substância que já se mostrou eficiente ao eliminar, em teste, entre 70% a 80% do mosquito transmissor da malária.
E funciona mesmo?
Caso esteja curioso para saber como esse inseticida funciona, foi informado que ele atrai os mosquitos por conta das simulações de aromas e sabores de néctar, e só quando as fêmeas consomem ambas com uma certa frequência elas atacam os humanos. O efeito foi o mesmo quando observado esse quadro entre machos.
“Assim como as abelhas, mosquitos se alimentam de néctar. Nós usamos uma combinação de odores de flores, açúcares e proteínas e uma quantidade mínima de inseticida tradicional para atrair o mosquito para os pontos de dispersão. Isso é muito mais preciso. Tivemos a preocupação também de desenvolver um produto que não afetasse outros insetos que se alimentam de néctar, como as abelhas”, explicou Mafra-Neto em entrevista ao site da BBC.
Outro detalhe mencionado pelo cientista é o fato de que esse produto pode ser vendido por um preço relativamente baixo, tendo em vista que em cada litro do Vectrax diluído há menos de 1% de inseticida, o que é bom tanto para o ambiente quanto para o bolso do consumidor.
Em um teste realizado entre outubro e julho na Tanzânia (país africano com grandes concentrações da malária em algumas regiões), o Vectrax conseguiu quase que zerar a incidência do mosquito responsável por transmitir a doença.
Futuro
Agora, o próximo passo de Mafra-Neto é tentar encontrar uma forma de combater o Aedes aegypt, que ainda causa pesadelos em diversas regiões do Brasil.
“O aedes e a dengue foram a minha epifania: queria fazer alguma coisa para combater os problemas causados pelo mosquito no Brasil”, ressaltou o cientista.
Fontes: Techmundo