Bem Vindo a INSECT - Controle de Pragas Urbanas!
Segundo pesquisador da UnB, o barbeiro encontrado estava
infectado com o parasita causador da doença de Chagas. Especialistas dizem que,
mesmo em áreas urbanas, há risco de infecção
Bombeiro recolheu
barbeiro e levou a médicos da UnB, que confirmaram que o inseto estava
infectado
Bombeiro recolheu barbeiro e levou a médicos da UnB, que
confirmaram que o inseto estava infectado
Um morador de Águas Claras encontrou um barbeiro, inseto
transmissor da doença de Chagas, dentro do apartamento. Especialistas da
Universidade de Brasília (UnB) examinaram o animal e confirmaram, nesta segunda-feira
(27/11), que o animal, da espécie Panstrongylus megistus, estava infectado com
o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da doença.
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O bombeiro Dayvison Lopes Seixas, 36 anos, desconfiou do
inseto ao se lembrar das características ensinadas por professores quando ele
ainda estava no ensino fundamental. "No começo, pensei que fosse uma
barata. Quando percebi que poderia ser um barbeiro, capturei o bicho com um
pote de vidro", relatou ao Correio. O animal, segundo ele, estava no
banheiro, próximo ao box do chuveiro.
A preocupação de Dayvison, agora, recai sobre a mulher, que
está grávida. "Fizemos exame de sorologia para checar se fomos infectados.
Espero que não", teme. Para evitar o reaparecimento do inseto, o bombeiro
instalou telas em todas as janelas do apartamento, que fica no nono andar.
Depois da captura, o morador de Águas Claras levou o inseto
ao professor Rodrigo Gurgel, especialista em parasitologia da Faculdade de
Medicina da UnB, que confirmou o perigo. "Ele (o barbeiro) estava
infectado com o Trypanosoma cruzi, com base no exame que fiz", atestou.
Gurgel acredita que o animal tenha voado em direção ao
apartamento de Dayvison a partir dos parques próximos a Águas Claras.
"Apesar de ainda não termos capturado essa espécie nas matas remanescentes
do Park Way e Arniqueiras, uma das hipóteses é que eles vêm de lá,
provavelmente voando", acredita o especialista. Segundo um artigo
publicado pelo professor, há registros de barbeiros infectados com o causador
da doença de Chagas em Vicente Pires.
Dayvison também relatou que uma equipe de quatro técnicos da
Vigilância Ambiental (Dival), da Secretaria de Saúde, compareceram, nesta
manhã, ao apartamento onde o barbeiro foi encontrado. A Dival esclareceu, em
nota, "que não recebeu nenhuma amostra de barbeiro e não realizou nenhum
exame de sorologia". "A equipe de entomologia do órgão recebeu uma
denúncia e foi até o apartamento de um morador de Águas Claras, que disse ter
encontrado o inseto. No local, a dival não encontrou nenhum exemplar da
espécime".
Destacou ainda que monitora a população de barbeiros e nunca
houve transmissão de doença no DF. "O local possui o vetor (barbeiro
infectado) mas não tem transmissão da doença para seres humanos. O cidadão que
encontrar algum exemplar da espécie pode levar a um dos quase 80 Postos de
Informação de Triatomíneos (PIT) espalhados pelas escolas e unidades de saúde
rurais. Lá, a pessoa se identifica e deixa o inseto para análise",
aconselhou. Em caso de sorologia positiva, a equipe entra em contato para as
devidas ações e orientações. O PIT mais perto de Águas Claras é o do Núcleo do
Guará (3381-0508).
Inseto raro em áreas urbanas. Causa estranhamento o fato de
o barbeiro ter sido encontrado em um apartamento. Geralmente, o barbeiro
oferece risco em casas muito simples, de pau a pique. Tanto que as
recomendações para evitar a propagação da doença focam na conscientização sobre
uso de materiais de alvenaria para a construção.
No entanto, o inseto pode viver também em áreas urbanas.
"Embora Águas Claras seja uma área urbana, tem uma área de preservação
natural de fauna e flora, o Parque de Águas Claras", explica a professora
Carla Nunes de Araújo, pesquisadora do Laboratório de Interação
Patógeno-Hospedeiro do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (UnB).
A atenção ao meio ambiente, destaca a professora, é uma das
formas de evitar a proliferação do barbeiro e, consequentemente, da doença de
Chagas. "(Em Águas Claras) há muitos canteiros de obras. A modificação das
áreas naturais e a ocupação por humanos são causas já bem discutidas de
domiciliação de barbeiros", acrescenta.
Na região Norte, onde vivem variantes do barbeiro, a
transmissão pela picada do inseto está controlada, comenta o infectologista
Leandro Machado, do Hospital Brasília. "Na Amazônia Legal, porém, a
infecção ocorre pela ingestão de alimentos contaminados, como cana e
açaí", cita o especialista.
Doença de Chagas
exige tratamento longo:
A doença de Chagas, transmitida pelo protozoário Trypanosoma
cruzi, oferece risco de vida caso atinja o coração ou o trato
gastro-intestinal. E o pior: nesses casos, os tratamentos geralmente indicados
surtem pouco efeito. "Há estudos que não mostram benefícios ao tratar
casos da doença de Chagas crônica que tenham evoluído para esses quadros",
aponta o infectologista Leandro Machado.
O inseto Panstrongylus megistus transmite o mal ao defecar
sobre a pele do ser humano. Ao coçar a picada, as microfissuras permitem que o
causador da doença de Chagas penetre o corpo.
Uma vez infectado, o paciente sofre com sintomas como febre,
indisposição, inchaço nos gânglios e ao redor dos olhos, e aumento de tamanho
no no fígado e no baço. "Essa é a fase aguda, em que o tratamento é, sim,
indicado", avisa Machado.
No entanto, o protozoário pode ficar no corpo por muito
tempo, ainda que o indivíduo não chegue a desenvolver a doença. "Mesmo
pacientes da fase aguda podem chegar ao estado crônico", pondera o
infectologista.
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (Datasus) mostram que, somente em 2015, 4.472 pessoas morreram com a
doença de Chagas. Naquele ano, o último com dados consolidados na série
histórica, o Distrito Federal registrou 191 mortes.O caso veio à tona no mesmo
dia em que a Secretaria de Saúde confirmou a morte de um homem com suspeita de
febre amarela. Ele estava internado desde 19 de novembro. Caso se confirme a
causa, será a terceira morte pela doença transmitida pelo mosquito Aedes
aegypti neste ano.
Fonte: Correio briziliense - 27-02-2018
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